A Secretária Municipal da Defesa Social, Adriana Accorsi, reuniu-se hoje(10), com as Guardas Municipais Femininas, no Centro de Formação da Guarda Municipal, para receber os encaminhamentos da 1ª reunião com GMFs, que aconteceu na última sexta-feira(05). Com o objetivo de conhecer a realidade das guardas e quais são suas dificuldades enquanto mulheres, trabalhando em uma instituição que carrega ainda na sua conduta, forte traços machistas.
A reunião iniciou-se com a assessora de Comunicação Geralda Ferraz, dando as boas-vindas e dizendo para Adriana a importância daquele momento para as GMFs, que na reunião passada relataram as dificuldades, perseguições e assédios morais que sofrem em seus locais de trabalho. Segundo Geralda, a presença da secretária Adriana Accorsi na Semdef e Guarda Municipal trouxe às GMFs a esperança de que dessa vez elas serão atendidas em suas reivindicações.
Em seguida, Adriana Accorsi falou do prazer de estar ali podendo falar para as mulheres GMFs sobre sua história como policial civil, que como as GMFs, também sofreu preconceito e discriminação por ser mulher. Que não foi poucas vezes que ouviu chacotas, de colegas homens que tentavam desqualificar o seu trabalho.
A secretária declarou que assim como a presidenta da república, Dilma Roussef, os colegas homens da Guarda Municipal, precisam tomar consciência de que quem é chefe da Guarda Municipal é uma mulher e isso precisa representar algo, no sentido de respeitarem as colegas mulheres.
Logo após, Adriana ouviu vários depoimentos de GMFs que relataram os casos de assédio moral e violência psicológica que sofrem em seus locais de trabalho. Depois dos depoimentos, Adriana solicitou que a comissão responsável por organizar o grupo que encaminhe a ela todos os casos, para que ela veja a possibilidade de reabrir os processos administrativos e punir os agressores.
Disse também que todas as reivindicações serão analisadas, serão feitos estudos para que sejam possíveis as promoções aos cargos de inspetoras. Segundo Adriana, assim como ela fez quando esteve a frente da Polícia Civil, ela quer colocar o maior número de mulheres possível nos cargos de chefia, porque entende que quando uma mulher chega ao poder ela deve ter o compromisso de empoderar outras tantas mulheres, dando-lhes dignidade.
As Guardas Municipais leram os encaminhamentos feitos e ouviu da secretária o compromisso de tomar as providências necessárias para ajudar as GMFs que foram vítimas de assédio moral ou violência psicológica.
Abaixo documento feito pelas GMFs e encaminhado a Adriana Accorsi:
Propostas
e encaminhamentos da 1ª reunião das Guardas Municipais Femininas que ocorreu no
dia 05 de abril de 2013
Durante
a reunião em que estiveram presentes mais de 30 GMFs retiramos as seguintes
propostas e encaminhamentos na busca dos Direitos das Mulheres GMFs:
Constatações
e denúncias:
1 – Trinta por cento tem nível superior. Esse número
pode chegar a 50%.
2- Algumas diferenças entre colegas do mesmo sexo impedem a organização e a luta pelos direitos
das Mulheres;
3 – o trabalho bem feito das GMFs por vezes,
desperta os ciúmes dos colegas homens, que tentam desqualificar;
4 – GMFs foram vítimas de agressão física por
parte de inspetor e nada aconteceu com o seu agressor; sofreu apenas uma
advertência administrativa, mas continuou no cargo de chefia que ocupava;
5 – Os casos de agressões são freqüentes,
desmotivando as GMFs, uma vez que a impunidade prevalece e na maioria das vezes
os colegas e chefes se posicionam a favor dos agressores;
6 – GMF relatou que quando a colega teve
o nome cogitado para ocupar a Corregedoria, que pessoas ouviram um grupo de GMs
fazerem comentários pejorativos;
Encaminhamentos e solicitações:
1 – As GMFs reivindicam
acessos aos cargos de subinspetoras e inspetoras, já que têm capacidade,
qualificação e competência para tal. Que a indicação não seja apenas o critério
político-machista;
2 – Solicita da
secretária formas de coibir com as atitudes machistas, estabelecendo normas de condutas em seus
locais de trabalho;
3- As GMFs solicitam
que os casos que culminaram com processos administrativos, sejam revistos e
sirvam como exemplos para que não voltem a acontecer, para a boa imagem da GM;
4 – GMFs solicitaram a
criação de um serviço de atendimento psicológico às guardas vítimas de
violência no trabalho e também que precisam aprender a lidar com as vítimas de
violência doméstica. Situações freqüentes para aquelas que trabalham em locais
como hospitais e Cais;
5 – Criação da disciplina
Direitos Humanos – Relação de Gênero na formação dos Guardas Municipais -
CEFEA;
7 – Dar visibilidade ao
trabalho das GMFs, que por vezes, é elogiado pelo cuidado e atenção com que
realizam, de forma que os órgãos chegam a solicitar a presença delas, uma vez
que conseguem ser sensível a situação e mediar os conflitos, porém esta
característica não é levada em consideração, como algo positivo para o órgão.
Geralda Ferraz - Assessora de Comunicação